A INTERDISCIPLINARIDADE NA CONTEMPORANEIDADE

02/01/2012 15:31

A INTERDISCIPLINARIDADE NA CONTEMPORANEIDADE

 

Embora o conceito e aplicabilidade da interdisciplinaridade tenham surgido no século XX, como resultado de um esforço de tentar unir as ciências na compreensão dos objetos e das observações dos fenômenos, e ter assim outras visões e pareceres, é de longa data a vontade humana de unificar os saberes e remontar o quebra-cabeça da fragmentação do conhecimento. Após o apogeu da fragmentação iniciada na era mecanicista e potencializada na era industrial, por necessidade de especializar os trabalhadores para atividades muito pontuais, as indústrias provocaram demandas que culminaram no nascimento de cursos técnicos e de graduação com alto grau de especialização.

Da mesma forma que o nascimento da ciência moderna a partir do século XVII, tenha introduzido significativos avanços no campo dos saberes, também oportunizou o início do silêncio entre os saberes, devido às metodologias científicas propostas pelas epistemologias racionalistas e empiristas, que privilegiaram à experiência científica, em detrimento da lógica do entendimento global. Entretanto, o movimento só tomou corpo e velocidade com a introdução das tecnologias do século XIX. As profundas revoluções desenvolveram novas necessidades que culminaram em hiperespecializações, oriundas do volume e da complexidade dos conhecimentos produzidos pela sofisticação das tecnologias e do aparelhamento nas áreas produtivas da sociedade.

Ao mesmo tempo em que a ciência caminha para fatias cada vez menores, tornando-se especialista nos estudos e pesquisas, as práticas pedagógicas tem se encaminhado para o oposto, tentando juntar, para construir uma visão melhorada do todo, do completo, do macro.  A ciência cada vez mais especializada, busca seu aprofundamento, provocando bifurcações nas disciplinas, e como um microscópio que diminui sua visão geral, para uma visão mais concentrada, fechando o foco para um único e cada vez menor objeto de análise, consegue avanços científicos significativos neste mergulho. Enquanto isso, em algumas áreas do saber, que não conseguem resolver os enigmas, se juntam a outras para encontrar a resposta. A psicologia e a sociologia, por exemplo, se juntam para estudar os fenômenos que são ao mesmo tempo de natureza individual e social, aparecendo aspectos psicossociais da análise.

Ocorre que na contramão destas especializações, certas explicações não podem ser realizadas, posto que precisam da junção dos saberes, para compreender certos fenômenos naturais e até mesmo sobrenaturais. Surge, portanto, a interdisciplinaridade como proposta de agregar certas disciplinas e assim criar condições ideias para a análise e a pesquisa. É o caso das engenharias com a química, física, mecânica, criando assim a biomecânica, biofísica, bioquímica. Os estudos da bioengenharia têm propiciado estudos que seriam impossíveis, se as ciências não estivessem se unindo para este propósito.

Mas se isso ocorre na área das ciências e da pesquisa, também ocorre nas metodologias, pedagogias e práticas educacionais que agora se voltam para oportunizar aprendizagens que possam dar maior significação às compreensões, principalmente das questões referentes ao ensinar e ao aprender.

A aplicação desta interdisciplinaridade está revolucionando o ensino-aprendizagem, pois está colocando áreas do saber que até então eram incompreensíveis juntas, mas que começam a fazer sentido e dar respostas aos problemas de pesquisa. Por enquanto, apenas como projetos de estudo e pesquisa, algumas aplicações de junção estão aparecendo nas escolas de ensino básico, fundamental e médio, embora a maioria dos estudos ainda se referem ao universo do ensino superior.

O paradigma da professora do ensino básico ser a única intermediação para o saber está com os dias contados. Pois cada vez mais, professores e instituições, discutem alternativas de se introduzir no ementário das séries iniciais, professores de diferentes áreas do saber, para explicar as crianças, os fenômenos da natureza. Aparece deste modo, a figura do professor de história, de geografia, de matemática, de ciências, auxiliando os professores das séries iniciais com contribuições nas pesquisas e nos trabalhos sugeridos. Com esta demonstração, as crianças são despertadas pela curiosidade de saber como as ciências juntas podem tecer uma visão diferenciada daquela que as ciências tem em cenários separados.

Promover a interdisciplinaridade é fazer a interdisciplinaridade e não discutir a interdisciplinaridade. As disciplinas são fundamentais para todos os níveis de educação, desde as séries iniciais até os últimos anos do ensino superior. Mas para compreender as indagações que surgem ao longo desse caminho de aprendizados é que é preciso analisar possivelmente alguns momentos em que possamos juntar a matemática com a geografia e explicar os fenômenos naturais através da visão matemática do mundo, ou vice-versa, explicar as fórmulas matemáticas mostrando através da geografia o porquê da sua existência e formulação. É isso que falta ao ensino, compreensão e diferentes visões que o modelo cartesiano separou.

A interdisciplinaridade está ligada a ciência que busca explicar a totalidade das interpretações e não a objetividade das especializações. Não se pode analisar, por exemplo, o ser humano, sob um determinado aspecto, e tirar daí conclusões sobre sua natureza e subjetividade. As diferentes dimensões biológicas, psicológicas, religiosas e tantas outras, somam para se fazer um quadro mais completo desta análise. Assim também são os fenômenos estudados. Devem ter a explicação de várias ciências se quisermos um quadro mais completo de várias compreensões e definições. Desta forma, as ciências precisam se unir para explicar o real, a forma, a cor, sabor, cheiro, função, diferentes usos, etc.

Não é fácil romper os paradigmas que existem na educação, tanto no aspecto do ensinar quanto no aprender. Sair do isolamento que as disciplinas foram submetidas, e colocá-las uma diante das outras para que se reconheçam parte da verdade que se busca, não é tarefa fácil. Mais difícil ainda é romper o pensamento constitutivo com que os professores foram ensinados e aprenderam como ensinar. Realizar estas costuras tão necessárias para se poderem abraçar as ideias coletivas para o entendimento dos diferentes ângulos das análises será preciso revolver a terra, replantar as sementes e (re)educar a educação. São muitos os desafios, a história não separou só as ciências, as culturas, mas também a maneira de se ensinar e aprender. A reforma deve ser pensada sob todos os ângulos. A interdisciplinaridade se quiser ser implantada também terá que ser utilizada no modelo construtor de novas práticas pedagógicas.

Se a interdisciplinaridade é uma metodologia revolucionária, também deve ser as ferramentas que devemos utilizar para aprender este novo modelo e conceito. Não se pode aprender a ser interdisciplinar com os mesmos instrumentos que aprendemos a ser especialistas. A reforma no ensino e na aprendizagem deve começar pelas próprias metodologias que adotamos na formação dos professores. é como aprender as regras de um jogo enquanto se joga.

Mas tem-se que ter uma preocupação constante com os movimentos interdisciplinares. A razão é que as disciplinas não estão sendo analisadas no sentido de existirem ou não. A sua existência é fundamental, precisamos da análise de profundidade de cada uma delas. O que se quer é construir uma convivência harmoniosa entre o pensar especialista das observações e o pensar generalista das convergências. Onde uma completaria a outra. Se algumas vezes falta a análise conjectural das observações, muitas vezes falta a visão do especialista. Na visão das teorias científicas, todos os ângulos de observação são contribuições e passíveis da notação científica do observador.

PARADIGMAS DA INTERDISCIPLINARIDADE

Na caminhada para o entendimento e uso intensivo da interdisciplinaridade, na prática docente, são encontrados quatro paradigmas que devem ser pensados criteriosamente para se fazer estas mudanças nas práticas educacionais:

PARADIGMA 1: Redimensionamento do saber – vários significados dão dimensão ao saber docente. O saber interdisciplinar depende de nova sociabilização e de nova alfabetização da docência. Já não basta mais ao professor o conhecimento necessário às suas práticas didático-pedagógicas, é necessário a partir da postura interdisciplinar, o saber mais abrangente, exigindo das estruturas educacionais, quais os pensamentos transversais, e as colaborações de outras ciências para melhorar o quadro das compreensões dos fenômenos, das atribuições do processo de ensino e os efeitos que essas novas abordagens podem contribuir para melhoria substancial da aprendizagem.

Redimensionar o saber é, neste caso, expandir os horizontes e os contornos delineados pela especialização e pela institucionalização dos saberes em disciplinas distintas, como se a verdade dos conhecimentos pudesse ser vista apenas sob uma ótica, não havendo necessidade de outros olhares. Redimensionar o saber é também preservar o olhar da especialização, posto que sua importância é vital para o amadurecimento das análises dos fenômenos observáveis. É, portanto, compreender o saber percorrendo ao mesmo tempo, duas direções, a da hiperespecialização - que levou o homem a conhecer seu próprio DNA, mas também a da multiplicidade de respostas que o sistema educacional é capaz de produzir no desejo de melhorar a resposta, a análise, a pesquisa, e conseqüentemente, o conhecimento.

Uma nova proposta de conteúdo educacional na formação dos professores é necessária e que contemplasse a contribuição de outras ciências para a construção das diretrizes de uma nova ordem educacional, mais pluri, mais multi, com contornos e recortes significativos para o entendimento dos fenômenos, das teorias que envolvem o ensino e das teorias que envolvem a aprendizagem.

 

PARADIGMA 2: Saber fazer e saber colaborativo – Todos os ensinamentos propostos na formação da docência contemplam o saber fazer como construto de uma ciência que nasce com o esforço de saber ensinar e saber aprender. Todas as técnicas, metodologias, práticas e saberes são amplamente discutidos, observados, ensinados e repassados aos docentes em sua formação básica, levando-o ao pleno entendimento dos modus operandi de suas funções.

No caminho do saber fazer, encontra-se o saber colaborativo, tão necessário para o entendimento. É a busca pela procura de respostas que uma ciência só, não dá conta, e a consulta aos pares e iguais, se fazem necessárias. As novas gerações já nascem espontaneamente colaborativas, solidárias, participativas. As redes sociais e as comunidades envolvem as crianças numa tessitura de intrincadas relações que as colocam, frente a frente, com a pergunta e a resposta, numa realidade espontânea, direta, objetiva.  Ao professor, que acompanha este processo, cabe o entendimento e a construção desse saber compartilhado, vivenciando, e cuja interatividade é a essência da maneira como a informação é vista e comunicada. Aprender a dividir e somar, contribuir e buscar a parceria, complementar a sua ideia e perspectiva de mundo e do saber com outros pares que possuem outra história e formação e que podem subsidiar, explorando outros vieses da grande verdade misteriosa das coisas e do mundo, é o grande desafio da contemporaneidade.

O saber colaborativo, num mundo de tecnologias de informação e colaboração, é quase uma cacofonia, uma necessidade intrínseca, como se a participação fosse vital para transportar a informação e a possibilidade em conhecimento. O saber colaborativo é permitir-se aprender mais pela simples ousadia de aceitar-se aprendiz o tempo todo e buscar a complementação na fala do outro, no ensinamento que o outro pode oportunizar se nos permitirmos integrar os saberes.

Os avanços tecnológicos permitem essas aproximações e cruzamentos disciplinares, basta o professor oportunizar o seu saber fazer em parceria tornando-se também o seu saber mais colaborativo.

Todos os avanços nos construtos epistemológicos, ontológicos e pedagógicos caminham na direção da interatividade, colaboração e contribuição de uma ciência que dá as mãos para um saber maior.

 

PARADIGMA 3: Práticas educativas no ser interdisciplinar – ser interdisciplinar representa escutar o outro e perceber que sua verdade é parte de uma verdade maior, mas precisa ser complementada para buscar o sentido que falta a ambos.

As disciplinas, na ânsia de buscarem o aprofundamento vertical, especialista, detalhista, buscam dar conta da informação cercadas em suas epistemologias, sem se importar que contribuições significativas possam estar disponíveis facilmente olhando para as ciências que os cercam.

Assim como o cientista sabe para que existe cada tipo de equipamento, ferramenta e tecnologia a serviço de seus estudos e diagnósticos, mostrando índices, gráficos, testes e os resultados que espera, também a docência deve ser uma ciência que se permita investigar áreas, teorias, metodologias, práticas e respostas às suas perguntas e indagações. Não significa que a resposta esteja fora dos seus “cerdadinhos” filosóficos e epistemológicos, mas a consulta, colaboração, pensamento e construtos precisam ser vistos, entrelaçados, comparados.

O ser interdisciplinar é a predisposição que aponta o profissional para a percepção mais amplificada dos sentidos. É na colaboração e interatividade que os docentes buscam, na essência de suas complementações, a interdisciplinaridade. É observar como as outras ciências vêem o fenômeno estudado, como lhe atribuem pareceres e buscam respostas. Na verdade, cada ciência faz suas perguntas na certeza de que em alguma(s) dela(s) a resposta venha a esclarecer as dúvidas.

As práticas docentes quebram assim o paradigma estabelecido de que somente em suas teorias epistemológicas estão às respostas para o entendimento e compreensão do fenômeno estudado. Duas ou mais ciências, juntas, podem explicar certos acontecimentos, sintomas, efeitos ou causas, do que apenas as ciências em separado. Imagine explicar o fenômeno do aprender sozinho, levando-se em consideração metodologias que privilegiam a educação à distância. Quais as observações que as ciências podem contribuir para elucidar este ensino e esta aprendizagem. Será que a psicologia, sozinha, pode dar conta de responder este ensinar e aprender. Ou a sociologia, julgando ser apenas um comportamento social, tentar responder esta questão com suas lógicas sociais do comportamento. E mesmo que as ciências se unam para tentar, juntas, estudar o fenômeno, surgirão respostas que não são nem psicológicas, nem sociológicas. Nascem do ser interdisciplinar, que une as ciências, as teorias, e criam um novo olhar, uma nova métrica. Não são mais dimensões da psicologia nem da sociologia, são da análise psicossocial do comportamento individual e coletivo.  A sociologia vai continuar existindo e sendo importante em suas análises dos fenômenos sociais, assim como a psicologia irá tratar dos fenômenos do indivíduo. Mas o que se questiona é como e quando poderemos utilizar as duas quando precisarmos ampliar as possibilidades e o espectro das análises. Esta é a questão. Preparar o docente para poder utilizar este viés, sempre que o desejar.

O ser interdisciplinar é uma qualidade inerente ao pesquisador docente que busca alternativa, cruzamentos, ideologias, problemáticas, considerações e pareceres, amplia seu leque de possibilidades de responder. Mas o mais interessante neste ser interdisciplinar é que se ampliam também seus questionamentos, elevando o grau de suas perguntas a uma obrigatoriedade de que as ciências se unam para responder. Ao se juntar duas ou mais ciências na busca de algumas respostas, o docente já internaliza esta condição interdisciplinar e faz questionamentos que são dúvidas das ciências envolvidas, é como se cada ciência colaborasse não só nas respostas mas também na formulação das perguntas. E este é o maior mérito da união das ciências – unirem-se para investigar os fenômenos e não se limitando apenas em responder aos questionamentos, conforme seus redutos científicos.

Para proceder a este ato de comunhão entre os saberes, cada ciência tem que sair de seu “cerdadinho” epistemológico e dividirem o espaço compartilhado de tal forma, que já não são mais esta ou aquela ciência, mas todas que se uniram e se desenham numa nova perspectiva, elaborando um novo construto epistêmico. Quando a biomecânica responde a um questionamento, não é a biologia nem a mecânica em separado, que dão a resposta, mas o novo construto que as une é que procura responder.

O ser interdisciplinar não é olhar para as outras ciências simplesmente, mas juntas, todas as ciências envolvidas olharem para um mesmo objeto ou fenômeno estudo e buscarem respostas, somando suas potencialidades e seus poderes, não havendo mais o amarelo de uma ciência, nem o vermelho da outra ciência, mas a cor laranja, produto da junção das ciências envolvidas.

 

PARADIGMA 4: integração dos saberes – consciência de que somos parte e totalidades diminutas. Ao se analisar a interdisciplinaridade que se possa ter da junção de saberes para resolução dos problemas e dúvidas, tem-se a impressão que cada ciência irá fazer a sua contribuição. Já vimos no paradigma anterior, que não. Ambas, as ciências descem de seus pedestais epistemológicos e prestam seus serviços no terreno das inter-relações que possam surgir dessas uniões.

O paradigma da integração supõe um ângulo novo à análise já existente das contribuições das ciências a serviço do entendimento e compreensão dos fenômenos. Este paradigma diz respeito a todas as disciplinas instituírem em seus construtos epistemológicos a existência de outros vieses advindos de outras áreas de conhecimento, sem perder a sua essência.

Cada ciência é total em suas propriedades e responde as suas necessidades constitutivas. Porém, para necessidades globais e verdades além das suas concepções epistemológicas, as ciências precisam incorporar conceitos inerentes as outras ciências.

Não significa a unificação das ciências, o que seria desastroso sob o ponto de vista das necessidades especialistas de nossa economia e produção, mas de perceber a existência de outras ciências como uma das alternativas da análise. Assim, podem-se aferir métricas segundo cada caso, como quem utiliza o metro para medir distância, e a balança para medir peso.

A ciência que se utiliza da balança não ignora os benefícios que ocorrem na ciência que se utiliza do metro. Cada um em separado sabe dos benefícios um do outro e sempre recorrem a ferramenta para suprir suas necessidades de medição. Este é o objetivo e a quebra deste paradigma, a integração dos saberes é reconhecer a existência de outras métricas e utilizá-las no momento que se achar mais propício para a análise do fenômeno estudado.

Na interdisciplinaridade das disciplinas é que se encontra a integração dos saberes para uma melhoria significativa, tanto nas perguntas, quanto nas respostas, tendo em vista que as dimensões de uma são contribuições para entender as dimensões de outra. Assim como as quantidades químicas de cada substância no corpo humano explicam suas funcionalidades, é na biologia que vamos encontrar as respostas às funcionalidades de cada substância existente. Também relações físico-químicas podem ser compreendidas em algumas relações, assim também outras relações podem ser conseguidas no estudo da bioquímica.

A ciência da pedagogia, ao ser analisada sob seus próprios construtos, pode explicar como a criança aprende sob o ponto de vista das teorias da aprendizagem, mas é na compreensão das relações físico-químico-biológicas que se procura compreender como a mente armazena as informações, e transforma esta informação em conhecimento. Para isso, se consulta as neurociências, que busca dar conta dessa significação. Os saberes integrados podem dar conta de muitas dúvidas que levariam muito tempo para que fossem respondidas, ciência por ciência, isso se puder chegar a estas respostas.

Reconhecer as importâncias dessas interações, das quebras dos paradigmas propostos e de suas implicações, pode fazer com que as ciências avancem muito rapidamente nas respostas que tanto precisamos para melhorar os aspectos inerentes a educação do ensinar e do aprender.