Ideais Coletivas – Patentes Bilionárias

04/11/2012 21:49

 

Desde as primeiras décadas da época mecanicista, novos paradigmas surgiram na sociedade em quantidades cada vez mais recorrentes. O mundo experimentaria uma aceleração tecnológica sem precedentes nas grandes nações ocidentais, empurrando-nos para o caos da produção sistemática de ideias e inovações. Sim, caos porque as grandes ideias trariam também grandes inovações e transformações em todos os segmentos sociais, profissionais e políticos. E a sociedade busca rapidez no entendimento do que está acontecendo, tempo para entender todos os avanços tecnológicos e como eles estão inseridos em nosso dia a dia.

Com o crescimento das cidades e das fábricas, as grandes descobertas em todas as áreas de conhecimentos se tornariam mais constantes e em maior número. Quando as indústrias se proliferaram nas grandes cidades, as pessoas iniciaram uma espécie de ritual da comunicação e colaboração, embalada pela necessidade de capacitação, habilitação e mudança constante de atitudes, frente aos tabus, as crenças religiosas e o avanço da modernidade dos comportamentos.

Curiosamente e de maneira recorrente, muito desses encontros no chão das fábricas, nos escritórios de seguros, bancos e financeiras desencadearam um movimento de interação e colaboração nunca vista na história da civilização.

O sistema industrial imprimiria uma nova fórmula coletiva de produção de ideias inovadoras que colocaria no mundo um ritmo acelerado nos avanços tecnológicos e no modo como as pessoas produziriam conhecimento. A geração de novas ideias se faria ao redor de mesas, em círculos de indivíduos, trocando informações, aprendendo umas com as outras. A própria evolução encontraria a sua maneira de evoluir ao descobrir que os avanços recorrentes teriam uma combinação inexorável de duas componentes: intuições e relacionamentos.

A civilização industrial colocaria os seres humanos em grupos numerosos buscando oportunidades de capacitação, emprego, novos negócios e mudança sistemática de indivíduos pelas classes e castas sociais.

As redes que se formariam na era mecanicista seriam em muito aumentadas na fase industrial e teriam como pressupostos a aglomeração em torno dos centros educacionais e de formação técnica e universitária. Milhares de pessoas buscariam por formações mais elevadas para galgar posições nas organizações e, por conseguinte, melhores condições de salários. O ritmo de vida frenética das máquinas e das produções tornaria a sociedade, uma desenfreada corrida pela nova ordem e divisão de trabalho.

Mas, por ter uma estrutura fechada, as fábricas e indústrias pouco representariam no avanço geral da sociedade da informação para a sociedade do conhecimento. Pois este pulo só se tornaria significativo com a introdução de algumas tecnologias da informação e da comunicação. O telefone, o celular, o computador, e todas as contribuições decorrentes destas invenções e inovações trariam as sociedades novos paradigmas no jeito de se relacionar e de obter conhecimentos.

As redes sociais trouxeram novos paradigmas. Relacionamos-nos com milhares de pessoas sem conhecê-las pessoalmente. Trocamos fotos, áudios, vídeos, intimidades com um número cada vez mais crescente de pessoas de diferentes lugares, costumes, línguas, religiões e castas sociais.

As organizações estão experimentando novos comportamentos sociais, utilizando tecnologias para aprenderem rapidamente o modo diferente e inovador de trocar ideias e transformá-las em inovação. A informação começa a ter seu valor em moeda corrente. A produção de conhecimento se estabelece numa intrincada rede de relações e interações através das redes de conhecimento.

Todo o século XX experimenta as inovações oriundas de relacionamentos cada vez mais numerosos e envolvendo um maior número de indivíduos. A prova disso está nas novas invenções e inovações que nos chegam todos os dias no mercado. Os saltos de qualidade gigantescos ocorridos no início do século passado já não são tão sentidos hoje em dia, pelo fato de que muitas pessoas estão conectadas trocando ideias constantemente nas redes sociais. E o que lhes falta para fechar as ideias inovadoras, elas conseguem através dessas minúsculas trocas diárias com centenas e até milhares de pessoas conectadas.

O exemplo mais clássico disso são as inovações nas próprias redes sociais de novos recursos que se somam todos os dias aos já existentes nas redes de relacionamentos. A Google organiza as inovações que chegam de seus clientes pelas redes através de milhares de consultas realizadas todos os dias em site de buscas.

Mas como a sociedade, dita do conhecimento, se organiza e se estrutura com as informações, permitindo que milhares de pessoas possam trocar diariamente ideias, umas com as outras? E o que elas fazem com as ideias que recebem?

O conceito de possível adjacente, muito bem explicado por Steven Johnson, em seu livro intitulado “De onde vem as boas ideais”, nos dá uma explicação bastante plausível – precisamos um dos outros para entender o que estamos pensando e como transformar isso numa ideia que possa ser inovação.

Todas as condições possíveis, isto é, estamos nas redes sociais, estarmos estudando alguma área de conhecimento, lendo tudo o que nos cai no colo, encontros em feiras e congressos, artigos científicos que nos chegam através das buscas que fazemos no Google, conversas com amigos e professores sobre temas diversos e as centenas de informações que circulam nas redes de inovação na qual pertencemos, são alguns dos possíveis adjacentes responsáveis em permitir que tenhamos saltos quânticos em nossas ideias. Quanto mais dividimos nossas inquietações e intuições, mais depressa encontramos a centelha que vai iluminar uma excelente ideia.

Entre essas ideias que surgem todos os dias e que transformam as vidas das pessoas, enriquecendo-as, tornando-as bilionárias, temos a história de KS Pua, da Phison, um engenheiro eletrônico, bem sucedido e detentor do “Ten Outstanding Young malasysian Awards”.  Em 2000, com 26 anos de idade, Khein Seng e quatro outros parceiros fundaram a Phison Electronics Corporation em Taiwan. Em 2001, eles inventaram o primeiro controlador em um único chip para memória NAND flash USB. Pendrive é uma marca registrada da Phison. Hoje a empresa é líder mundial de controladores para drives USB e cartões de memória, com um lucro de US$ 1 bilhão. Para 2012, estimativa de US$ 1,6 bilhões de faturamento. Quais eram os possíveis adjacentes que povoaram estes jovens para realizarem tal façanha? É fácil! Eles privilegiaram em sua organização espaços para a criatividade e inovação. Valorizaram a iniciativa e a originalidade. Ideias coletivas – patentes bilionárias.

Com relação às patentes é importante ressaltar que o privilégio de patentear produtos ou serviços só faz sentido no mundo do conhecimento distribuído se as organizações publicarem suas ideias e intuições para que receba contribuições e feedback sobre seus inventos e inovações. Paradoxalmente, as organizações não precisam pagar por ideias brilhantes se as comunidades e redes de inovação lhe devolvem com ideias gratuitamente.

Antigamente até se admitiria tais comportamentos, onde empresas mantinham segredos sobre suas intenções de produção. Hoje as organizações logo são superadas com outros inventos e inovações que apagam rapidamente as suas participações. Empresas são ultrapassadas por outras, pois suas inovações são superadas por outras ideias.

As ideias coletivas proporcionam muito mais retorno se compartilhadas com as redes de inovação, pois elas retornam com o que lhes faltam para completar suas intenções ou ideias que ainda não estão prontas para inovar.

Num mundo em rede a velocidade das colaborações é infinitamente maior do que as organizações podem ter contratando profissionais e especialistas em ideias inovadoras. Além de caras, não possuem, nem de longe, o número de interações que as redes movimentam em períodos demasiadamente pequenos.

Desta maneira, são cada vez mais recorrentes empresas inovando em cima de suas próprias inovações, com contribuições da própria concorrência, pois tais contribuições podem vir pelas redes de inovação, sociais, listas de discussão, fóruns de debates e outros recursos.

Indubitavelmente, organizações, ideias, tecnologias de informação e comunicação, redes de inovação são os possíveis adjacentes capazes de permitirem ideias criativas e inovadoras, tornando possíveis patentes bilionárias.

Pense nisso da próxima vez que estiver conversando nas redes! Criatividade, flexibilidade, adaptabilidade e inovação. Fique esperto, neste momento tem alguém aprendendo com suas ideias e construindo novas intuições a todo o momento!

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