Paradigmas da Era Industrial

05/12/2011 21:39

Muito antes da era dos computadores, das comunicações via satélite, e dos instrumentos de comunicação móveis, o mundo girava em torno de uma era de industrialização e expansão econômica cuja hegemonia dos Estados Unidos ditava um padrão mundial com relação a venda de bens e serviços ofertados pelas empresas capitalistas.

Neste período que compreende o fim da segunda grande guerra até o ano de 1973, o mundo experimentou avanços sistemáticos no aparelhamento da produção, da lógica do capital girando em torno da construção de fábricas, indústrias e produção em massa de produtos e serviços.

Com a crise do petróleo em 1973, surgem as primeiras dificuldades no regime capitalista de superar suas próprias idiossincrasias. Os motivos são inúmeros, mas para constar alguns podemos citar; queda da produtividade do trabalho, redução da capacidade financeira governamental, encarecimento das matérias primas, renda da população operária diminuída pela exacerbação inflacionária e significativo aumento do custo da matriz energética.

Assim a década de 70 e início dos anos 80 são marcados pela incapacidade dos governos de superar a crise econômica, de ordem estrutural, afetando significativamente o ritmo de produção, com acentuada queda do PIB anualmente e da renda dos trabalhadores de um modo geral.

Esta crise também se manifesta pela queda da produtividade e de rentabilidade, e na falta de um pacote de inovações tecnológicas que pudesse alavancar horizontes mais promissores nos setores mais importantes da economia como metal mecânico, transporte, automotivo, eletroeletrônico.

Enquanto o mundo experimentava a crise no modelo capitalista de produção, outras economias experimentam novos implementos na forma de organizar trabalho, produção, renda, inovação tecnológica e gestão.

O resultado desses experimentos foi um substancial avanço na capacidade competitiva e na produtividade nesses países.

Os principais paradigmas que existiam no início dos anos 80 no mundo ocidental eram administração e controle de processos, sistema de informações voltadas para fluxo de processos, matéria-prima, estoque, produção, distribuição, e logística de vendas. Os paradigmas produtivos eram constantemente balançados pelas novas invenções. A microeletrônica como elemento difusor de novas tecnologias de produção, o surgimento das máquinas eletroeletrônicas, a robótica, transformações na aparência das fábricas, novos perfis de trabalhadores, formação acadêmica, nova divisão do trabalho, quebra de tabus sociais, a pílula em 60 levaria a mulher para o mercado de trabalho, revolução de comportamento e forte influência na música.

  • Os pontos principais das economias capitalistas mundiais são:
  • Indústria voltada essencialmente para a produção de microeletrônica
  • Terceirização dos processos produtivos
  • Competição via qualidade
  • Organização de sistemas flexíveis de produção (sistemas oligopólios)
  • Integração entre financiamento, fornecimento e produção

 

As mudanças significativas nas estruturas econômicas e do capital industrial são percebidas nesta nova forma de organização produtiva, requerendo a criação, manutenção e expansão de uma competente rede de parcerias, consórcios de produção e exportação, cooperação em desenvolvimento de tecnologias, produtos e processos.

As principais mudanças acarretadas pela nova atuação do capital produtivo industrial resultaram em alguns novos comportamentos listados a seguir:

  • Aumento extraordinário da participação do mercado financeiro, cambial e de capitais.
  • Capacidade de processar, transmitir, armazenar informações online
  • Sistema de telecomunicações via satélite – acesso real time
  • Intensificação dos oligopólios industriais mundiais
  • Economia concentrada em setores: indústria automobilística, aeronáutica, farmacêutica, eletrônica de bens de consumo, petroquímica, material elétrico pesado, metais não ferrosos, química pesada.
  • Graças à telemática, uma nova gestão empresarial
  • Suprimentos de matérias primas e seus processamentos, armazenagem e transporte são operados em redes logísticas mundiais
  • Forte reconcentração das áreas de P & D de processos e de produtos em centros de pesquisa privados.

 

Com os consideráveis avanços tecnológicos mundiais, principalmente da microeletrônica, incorporados no processo econômico e produtivo, uma nova ordem mundial a partir dos anos 70, fazendo frente ao modelo até então implantado que era o modelo fordista de produção.

O principal avanço da tecnologia foi à rápida mudança em sua capacidade em processar, armazenar, distribuir e transmitir informações através das redes de comunicação. Entretanto, nem todas as empresas puderam desfrutar dessas adaptações rápidas, pois estavam atreladas a uma estrutura empresarial rígida, com planta industrial de grande porte, de elevado custo operacional, requerendo significativo montante de ativo imobilizado, pouca flexibilidade produtiva e uso intenso de mão-de-obra em sua operacionalização.

Diante do fascínio das mudanças que estavam acontecendo em todo o mundo, provocando mudanças no modo de produção, surge a necessidade de padronização dos procedimentos e normatização dos processos. Assim, 1987 surgem na Europa à certificação ISSO 9000 (International Organization for Standartization). Esta ação de melhoria logo se popularizou e criou no mercado um padrão de produção seguido pelo resto do mundo.

Essa radical mudança no comportamento em ambientes produtivos teve sua real importância quando começou a alterar também a capacidade competitiva das empresas, modificando seu modo de gestão através de um novo modelo sócio-técnico.

Logo se estabelecem padrões internacionais de produção e de qualidade em todos os ramos da economia. As economias tiveram que se adequar rapidamente ao novo regime que se instalava cada vez mais hegemônicas.

Nos idos de 90, o panorama brasileiro apresentava equipamentos e instalações tecnologicamente defasados, deficiências nas tecnologias de processos, sensível atraso quanto as tecnologias de produto, e uma pequena ou quase nenhuma aplicação em P & D. Os sistemas de gestão da qualidade eram ainda muito incipientes, tanto de produtos quanto de processos de fabricação. E quanto a aplicação das inovações gerenciais e organizacionais as iniciativas se mostravam bastante tímidas. Adoções como Just in time, quick response total quality control, não sensibilizavam o mercado brasileiro pelo seu alto custo de implantação, pois as plantas brasileiras instaladas possuíam muito pouca flexibilidade para modificações estruturais de peso.

Enquanto as empresas internacionalmente apresentam forte interação e laços de colaboração, a maior parte da indústria brasileira ressente-se de não possuir interação entre usuário e produtor, entre fornecedores e produtores e apresenta um quadro anacrônico de relações gerenciais e trabalhistas, e a visão brasileira neste momento ainda considerava o trabalho como custo e não como recurso primordial da produção, não dando quase atenção aos projetos de treinamento e à formação de operários polivalentes.

As medidas que o Brasil assumiu para entrar no mercado internacional e as vantagens competitivas que exercia em relação à Europa e aos Estados Unidos foram de suma importância para uma reestruturação geral em todos os segmentos da economia.

Os sinais se fazem notar já na década de 90 quando abre de vez a sua economia para o capital investidor estrangeiro. Apesar de uma série de pacotes econômicos nas décadas de 80 e 90, a economia produtiva seguiu crescendo tanto em volume quanto em qualidade, embora numa velocidade que poderia ter sido bem maior se o governo não tivesse causado tanto impacto.

Os diversos ajustes recessivos adotados nesta época, com suas medidas de política fiscal e monetária restritivas, congelamento de salários e outros artifícios, resultando por vezes em instabilidade econômica, afastando por vezes o capital estrangeiro.

GESTÕES ANTIQUADAS E DE CARÁTER DEFENSIVO

Os paradigmas que se observa na economia após o Plano Real quanto aos métodos de gestão considerados antiquados e de caráter defensivo, são listados a seguir:

  • Empresários não investem neste período o suficiente para atingir perfis competitivos com os padrões internacionais tanto em nível tecnológico quanto de produção;
  • Investimentos em modernização dirigidos apenas para máquinas e equipamentos são considerados insuficientes para o aumento da capacidade competitiva, esquecendo do principal ativo nas organizações, o ser humano.
  • Iniciativas de alguns empresários em utilizar técnicas japonesas no Brasil não surtiram o efeito desejado porque a verdadeira mudança seria cultural e não sistêmica.
  • Ausência de parcerias com universidades e centros de pesquisa para desenvolvimento de novas soluções tecnológicas, em gestão, em logística, treinamento de pessoas.
  • Recursos humanos passaram a ser considerados como custos variáveis, que ao menor sinal de queda na demanda, eram descartáveis. Com isso as organizações perdiam o seu principal aliado, o conhecimento da empresa e o capital criativo.
  • Ausências de cadeias produtivas integradas com pequenas e médias empresas funcionando como berçários de inovações tecnológicas.
  • Dificuldade das pequenas e médias empresas de serem fornecedoras nos segmentos de elevada base tecnológica, porque estas não tinham as condições de qualidade e precisão exigidas pelos mercados internacionais.

A abertura da economia em 90 demonstrou um Brasil despreparado em relação a inovação em produtos e processos, sistemas de qualidade, apropriação de custos e definição estratégica competitiva de longo prazo.

NOVA CONFIGURAÇÃO DE COMPETITIVIDADE EXIGIDA

  • Modernização das instalações,
  • Máquinas, equipamentos,
  • Processos de gestão empresarial e administrativa,
  • Mudança cultural nos hábitos empresariais

Os paradigmas da era industrial, mesmo nos dias atuais tiveram que se adequar a uma nova realidade de gestão e produção. Os elementos considerados chaves e principais para o crescimento econômico contemporâneo são os chamados ativos intangíveis criados, entre eles: tecnologia de informação e comunicação, capital intelectual, experiência e aprendizagem, competência organizacional

Clientes empresariais não escolhem a sua empresa porque você está em local privilegiado (perto), mas porque sua organização detém tecnologia competitiva, gestão de qualidade internacional, pessoal altamente treinado, e, sobretudo, de produção estandardizada.