PORTAL EAD BRASIL ENTREVISTA PROF CLÁUDIO DE MUSACCHIO

17/04/2013 15:10

 

ENTREVISTA DO PORTAL EAD BRASIL AO PROFESSOR CLÁUDIO DE MUSACCHIO

 

Universos, Dimensões, Estratégias do Ensino e da Aprendizagem Não Formal

COMO CONSIDERAR UMA EDUCAÇÃO PARA O SÉCULO XXI ANALISANDO PRINCIPALMENTE OS ASPECTOS DOS DIFERENTES UNIVERSOS CURRICULARES E PROPÓSITOS DA NOVA EDUCAÇÃO, O CASAMENTO DAS DIEFENTES DIMENSÕES, POSSIBILIDADES DE CRIAÇÃO NOVAS ESTRATÉGIAS DE ENSINO E AS APRENDIZAGEM NÃO FORMAIS?

Se quisermos pensar numa educação moderna, de vanguarda, alinhada com a contemporaneidade, ela passa necessariamente pelas análises que fazemos da educação em relação ao universo que a cerca. Não se pode mais pensar em educação sem contextualizar, problematizar e, sobretudo, considerar a multiplicidade de universos de conteúdos e currículos que são alterados, modificados constantemente através dos órgãos públicos e secretarias de educação em todas as instâncias.

Além dos múltiplos universos tem a questão das dimensões, que não podem ficar de fora dessa análise. A dimensão pedagógica, a dimensão tecnológica, a dimensão interdisciplinar e holística de experimentar o ensino-aprendizagem.  A educação que se espera é aquela que consegue inter-relacionar as diferentes dimensões. Falamos muito em preparar novas estratégias de ensino, envolvendo diversas áreas de conhecimento nas salas de aula para que o aluno desenvolva principalmente a capacidade transdisciplinar de resolver problemas. E não se pode pensar em educação sem considerar o aspecto de que não existe mais somente a aprendizagem formal, escolástica, ela também está na simbiose social e das relações humanas, nas redes sociais, nas colaborações potencializadas das mídias de informação e comunicação.

Formação de comunidades nacionais e internacionais

O MUNDO ESTÁ EXPERIMENTANDO CADA VEZ MAIS A CRIAÇÃO DE COMUNIDADES PARA DISCUTIR E VIVER UMA NOVA EDUCAÇÃO, COMO VOCÊ ANALISA ESTE MOVIMENTO, NACIONAL E INTERNACIONAL?

Num mundo alavancado pelas tecnologias, é incompreensível se concluir que não estamos conectados, colaborando mundialmente para uma nova ordem, que busca se ajustar as diferenças étnicas, religiosas, sociais e políticas. A criação de comunidades e os diferentes usos que as sociedades no mundo todo estão fazendo das redes sociais, nos leva a considerar uma quarta dimensão nas relações humanas; a dimensão de fractais nas comunicações e na geração de informações simultâneas. A criação de espaços virtuais de produção de opiniões gera no sistema mundial infinitas possibilidades e provoca mudanças muito rápidas. A informação e criada numa velocidade muito grande. Mas o que é mais importante, ela é altamente inflamável, isto é, deve ser consumida com muita rapidez. A notícia de ontem já foi permeada nas redes, e todos ficam sabendo e debatendo a respeito disso. Portanto, a criação de comunidades, sejam elas nacionais ou internacionais é que permitem que as inovações e a criatividade se estabeleçam em patamares globais.

Competências e habilidades – mudança paradigmática de atitudes

QUE COMPETÊNCIAS E HABILIDADES ESTA NOVA EDUCAÇÃO PRECISA ENSINAR E APRENDER PARA SE ADEQUAR A MUDANÇA CONSTANTE DOS PARADIGMAS E ATITUDES?

As mudanças ocorrem quase sempre na beira do precipício. Mudar significa sair de sua zona de conforto e procurar novas respostas para novas perguntas. Procurar novas respostas significa uma nova educação, um novo preparo, logo é necessário adquirir novas competências e habilidades para entender as mudanças que ocorrem na Educação e que atitudes devemos ter diante do novo e do desconhecido. Novas competências no ensinar é o principal argumento da motivação da mudança. Ninguém quer mudar simplesmente por mudar, mas porque precisamos descobrir como integrar toda essa nova postura tecnológica para um modelo pedagógico. Após a competência vem o desafio maior que é a habilidade para melhor utilização dessas novas competências, estudando todos os casos em separado. Nada no futuro será mais padronizado. A propósito, a palavra padrão é produto de uma época de industrialização da economia. E se procurou utilizá-la também noutros setores como educação, comunicação, produção de informação, etc. Hoje o mundo caminha para estudos individuais, respeitando-se o público local, a sociedade local, etc. O principal avanço sócio-educacional que se pode esperar para os próximos anos é a mudança sistemática no modelo de capacitar e habilitar professores em todas as áreas do conhecimento. Não se pode adotar a mesma métrica para áreas de conhecimento distintas. O futuro pedagogo deve aprender a ensinar através de uma métrica distinta, já o engenheiro possui outra métrica para aprender os ofícios da profissão. Hoje, temos um ensino padronizado nas universidades e isso deve ser avaliado com muita atenção e critério, ou seja, a mudança dos paradigmas também passa muito fortemente pela mudança de atitude.

Formação permanente de professores

COMO ESTA NOVA EDUCAÇÃO VÊ A QUESTÃO DA FORMAÇÃO DOS PROFESSORES? O QUE, EM SUA OPINIÃO, DEVE SER CONTINUADO, MODIFICADO E INOVADO?

Esta é uma pergunta muito boa. A principal revolução na educação começa pela própria opinião que os educadores têm de sua formação. Existe uma formação que é necessária para você iniciar sua atividade de educador. Esta formação é que está hoje em cheque e ela deve ser repensada, remodelada, modificada ou até mesmo criada uma nova. Primeiro temos que analisar que não seremos todos professores de uma mesma área de conhecimento. A formação de um professor de história não deve ser a mesma de um professor de química, de geologia, de filosofia e, assim por diante. O que temos é um modelo, um padrão de como ensinar os alunos. E esse é, a meu ver, a primeira grande revolução na educação. Cada área de conhecimento deve ter sua própria identidade pedagógica de como desenvolver suas práticas, didáticas, projetos de avaliação e mensurações do aprendizado. Mas isso requer de todos nós esforços prementes, pois o Ensino Institucional está encontrando a estagnação muito rapidamente e deve encontrar logo, soluções que permitam que essa nova educação se inicie. A outra questão é a educação continuada, que deve servir como um projeto de constância inovação, tanto do ponto de vista de novas metodologias e transformações, quanto dos resultados apurados cientificamente. O educador deve estar constantemente alinhado com as mudanças de paradigma, das competências, das habilidades e atitudes.

Práticas pedagógicas interdisciplinares

O QUE REPRESENTA ESTA NOVA CONCEPÇÃO DA EDUCAÇÃO QUE BUSCA ENSINAR ATRAVÉS DE CONCEPÇÕES EPISTEMOLÓGICAS INTERDISCIPLINARES?

Existe um movimento da qual eu me incluo que busca analisar como se pode ensinar utilizando práticas pedagógicas interdisciplinares. A ideia é que devemos estabelecer alguns princípios básicos na metodologia de ensino que privilegie o encontro das áreas de conhecimento e das disciplinas, para que elas ajudem a responder as questões e os problemas do cotidiano, até porque nenhuma delas, sozinha, dá conta disso. Mas o mais grave, que eu chamo a atenção, é o estabelecimento do modelo atual de ensino-aprendizagem, que se contentam com a avaliação de conteúdos desconexos, solitários, sem vida, sem contextualização, sem experimentação. É isso que buscamos na Interdisciplinaridade e nas pesquisas científicas em sala de aula, tema, aliás, de minha tese de doutoramento, que se encontra em andamento. A criança de hoje quer dar um sentido ao seu aprendizado, ela quer saber hoje, para que serve cada conteúdo. Muitos docentes respondem aos alunos que a matéria é importante para os assuntos mais adiante, e, entretanto, não foram capacitados para demonstrar como aquele conteúdo é utilizado na natureza. Esta é a verdadeira revolução na educação: aprendizagem duradoura e significativa é aquela que a criança guarda em sua construção do conhecimento, muito depois da escola ter cumprido o seu papel. Buscar essas concepções epistemológicas que privilegiem a Interdisciplinaridade, ou seja, a inter-relação das disciplinas tem sido o grande desafio para esta educação que queremos para o século XXI.

Resiliência

COMO PODEMOS DESENVOLVER UMA NOVA EDUCAÇÃO, TORNANDO AS PESSOAS MAIS RESILIENTES, OU SEJA, CAPAZES DE VIVER NUM MUNDO DE NEGÓCIOS EM CONSTANTE STRESS E PRESSÕES?

Esta é outra questão muito importante. No novo modelo educacional que o século XXI espera e aguarda impacientemente é a questão do que a mudança propriamente dita causa nas pessoas, tanto do ponto de vista do professor, quanto do ponto de vista do aluno. Só para ilustrar vou contar uma pequena história. Certa vez, uma aluna foi até a coordenação de uma universidade para se queixar que o professor não escrevia a matéria no quadro e que tudo que ele cobrava nas avaliações era dito por ele durante as aulas. Neste paradigma tradicional de ensino e aprendizagem, os alunos não encontram conforto, pois não poderão faltar às aulas, deverão estar atentos o tempo todo para não perder nenhuma ideia ou pensamento e fazerem suas próprias anotações, segundo seus critérios de subjetivação. Ora, o estudo da resiliência, tem se mostrado cada vez mais eficiente para ajudar os alunos a compreenderem o real mundo em que se encontram os desafios que serão colocados e a maneira como deverão suportar tais pressões. No mercado este conceito já está bastante difundido, mas no meio acadêmico, este conceito está sendo introduzindo muito lentamente na formação dos professores e de como eles devem lidar com os conflitos de sala de aula.

alfabetização tecnológica – desafios e novas linguagens e signos

COMO MANTER A CLASSE DE PROFESSORES SEMPRE ATUALIZADA NUM MUNDO QUE SE REVOLUCIONA CONSTANTEMENTE EM TECNOLOGIA EDUCACIONAL?

São muitos os desafios para esta nova educação. Quando se fala em educação continuada para professores também esta se falando em conhecimento dessas novas tecnologias. Manter o professor atualizado não é tarefa fácil, pois assim que ele se acostuma a uma tecnologia educacional, logo vem outra. A alfabetização tecnológica é importante na formação básica dos professores, mas também é vital no mercado de trabalho. Manter este professor atualizado requer uma postura institucional da escola bastante planejada, em termos de investimentos e de política pedagógica para suas aplicações. Tão importante estudar as novas tecnologias é saber onde aplicá-las da melhor maneira possível para ter eficiência e eficácia no ensino-aprendizagem. Tecnologias trazem constantemente a criação de novos símbolos e signos sociais. É preciso estar atento a estes novos sinais na comunicação entre professor e aluno, para evitar o distanciamento perigoso entre o que o professor não sabe, e o que o aluno traz de sua experiência fora da escola.

Estratégias  para uma educação personalizada

COMO A NOVA EDUCAÇÃO ESTÁ SE ENCAMINHANDO PARA UMA EDUCAÇÃO PERSONALIZADA?

Este é um dos pontos mais positivos da educação que utiliza novas tecnologias. É a possibilidade de se atender a todos os alunos, individualmente, mesmo em cenários de ensino e aprendizagem presenciais. Quando o professor utiliza as ferramentas tecnológicas e solicita dos alunos a colaboração e interação entre eles para resolução de problemas, estamos finalmente dando a oportunidade para cada aluno de poder se expressar individualmente. Em modelos de ensino virtuais esta caracterização já está bastante evoluída e os sistemas e ambientes virtuais de ensino e aprendizagem conseguem atender todos os alunos individualmente. Mas no modelo presencial é que é o grande desafio da instituição de ensino e dos professores. Utilizar as tecnologias de comunicação e informação de forma que permitam a todos os alunos deixarem registrados suas indagações, temores e dificuldades. Quando se diz que a sociedade está avançando para uma educação personalizada ou educação de perfil, me refiro a este modelo particular de ensino e aprendizagem que privilegia anotação individual dos alunos, registrando todo o seu comportamento e crescimento dentro da escola.

A construção de modelos educacionais que privilegiam a prática e teoria

COMO CONCILIAR A TEORIA COM A PRÁTICA NA EDUCAÇÃO DO SÉCULO XXI EM INSTITUCIÇÕES DE ENSINO COM DÉFICITS ORÇAMENTÁRIOS MUITO GRANDES. QUE SUGESTÕES E POSSIBILIDADES PODERIAM CONTORNAR ESTE PROBLEMA?

A pergunta é muito boa e está no centro dos maiores problemas do mundo. Primeiro a escola deve ter fortemente o conceito de que essas duas dimensões não podem se separar jamais. Segundo que os professores devem estar capacitados e habilitados a utilizar de todos os instrumentos e materiais de que dispõe para realizar experimentações e experiências científicas em sala de aula. E em terceiro lugar, expor os alunos a argumentação e pesquisa. Em nenhum momento falamos de investimentos caros, nem de laboratórios caros, nem de equipamentos e dispositivos caros. É preciso entender que se pode dar uma aula com grande qualidade apenas com uma proposta interdisciplinar, envolvendo outros professores na sala de aula, privilegiando o debate, a discussão e o ambiente de colaboração entre os alunos para que eles mesmos encontrem as soluções. Boa educação se faz com boas ideias e não com quantidade de dinheiro. Conheço escolas ricas que não associam a teoria da prática, embora tenham maravilhosos laboratórios, em geral, trancafiados.

Jogos e Ludicidade – a próxima fronteira para da educação

COMO DESENVOLVER METODOLOGIAS QUE PRIVILEGIEM O APRENDIZADO E O DESENVOLVIMENTO DO PENSAMENTO LÓGICO-MATEMÁTICO ATRAVÉS DA IMPLANTAÇÃO DE JOGOS PEDAGÓGICOS NA EDUCAÇÃO DO SÉCULO XXI?

Os jogos pedagógicos são utilizados muito antes das épocas Greco-romanas, para a aprendizagem de táticas de guerra e de proteção. Os antigos povos asiáticos utilizavam os jogos para aprendizagens no provimento de alimentos e preparo dos guerreiros nos confrontos entre tribos e estrangeiros. Na modernidade se descobriu os jogos pedagógicos no século XX, conforme vários estudos de vários educadores como Montessori, Wallon, Piaget e outros. As contribuições pedagógicas do jogo e da brincadeira foram estudadas por Èdouard Claparède, e seu pupilo Jean Piaget, para o desenvolvimento da inteligência nas crianças.  Os jogos pedagógicos são utilizados também no processo de alfabetização e letramento. A ideia principal de nosso projeto é introduzir os jogos pedagógicos na práxis docente, pois muitas vezes certos conceitos de difícil compreensão podem estar configurados em um jogo pedagógico e tornar aquela lição mais lúdica possível. Não se trata de utilizar jogos pedagógicos no intervalo ou no recreio, como muitas escolas estão fazendo. É colocar o jogo centro do currículo como metodologia de ensino, criando jogos que contemplem a disciplina ou as disciplinas, para ser mais interdisciplina possível. Desta forma, esta didática irá trazer a criança ao interesse de temas que normalmente as crianças repelem. Este é o ganho substancial na aplicação da introdução do jogo e da ludicidade.

ESCOLA – ambiente de formação de trabalhadores ou cidadãos, ou ambos?

QUAL O PAPEL QUE A ESCOLA DEVE EXERCER: FORMAR FUTUROS TRABALHADORES, FORMAR CIDADÃOS, OU AMBOS? QUE TIPO DE HOMENS AS ESCOLAS ESTÃO PREPARANDO PARA O MERCADO E PARA A VIDA EM SOCIEDADE?

 Este questionamento é profundo, pertinente, oportuno e obrigatório nos círculos educacionais. Discute-se muito hoje em dia de quem é a responsabilidade pela educação e pelo ensino. Alguns juristas, desembargadores e gestores de escolas acham que a educação deve ser dada pelos pais. Entretanto se houver uma falha nesta educação como integrar as crianças ao convívio social e educacional? A lei diz que o papel da Educação é do Estado e das famílias. Mas não diz nada na lei o que ocorre com as crianças quando os pais falham nesta educação inicial até a idade escolar. E este é ponto que queremos abordar e desenvolver em nossos estudos para uma educação para o século XXI. Se a escola tem que ensinar e educar, então em seu discurso pedagógico deve estar repleto de ensinamentos para a vida fora da escola: ética, respeito às diferenças de credo e etnias, respeito aos espaços públicos de convívio, etiquetas, os perigos das relações evitando doenças, questões de higiene, responsabilidades ambientais, sociais e tantos outros. O papel da escola é educar, e educar para uma cidadania que a sociedade espera. Essa educação deve ser a mais completa possível, onde o ensinar é apenas um fractal desse universo multifacetado que é a complexidade humana e suas subjetivações. Queremos seres humanos melhores, mais sociáveis, mais inteligentes, mais sábios, mais críticos, mais observadores, e mais capazes profissionalmente. Essa é a educação que a sociedade deseja para o século XXI. Se fizermos uma enquete iremos perceber que todos são unânimes em dizer: a educação cabe aos pais e o ensino a escola. Mas e se os pais falharem nesta função, a quem cabe corrigir as crianças para que se reintegrem novamente? Essa é a verdadeira questão a ser perguntada e respondida. Mas qual será a resposta da sociedade?

A comunicação não Verbal e o estudo do estado afetivo de interesse em ambientes educacionais

COMO O ESTUDO DA COMUNICAÇÃO NÃO VERBAL E O ESTADO AFETIVO DE INTERESSE EM SALA DE AULA PODEM MELHORAR A EDUCAÇÃO PARA O SÉCULO XXI?

Existem muitos trabalhos científicos hoje em dia que pesquisam o papel do professor em sala de aula, de sua formação e de seu discurso docente. Porém, enquanto o professor fala, gesticula, e desenvolve sua aula, não percebe necessariamente e de forma científica, o que se passa na sala de aula com seus alunos. O que realmente estão fazendo, que expressões são essas que o professor observa, mas não entende? Que comportamentos podem ser considerados para que possamos afirmar que os alunos estão interessados ou não pela disciplina, pelo conteúdo ou pela atividade que está sendo proposta em sala de aula? O estudo da comunicação não verbal é muito recente, mas já apresenta alguns estudos bastante significativos. Em concomitante a este estudo, está o estudo da afetividade. Como perceber se o aluno está em estado afetivo de interesse? Os nossos primeiros estudos indicam que se podem analisar as expressões e comportamentos dos alunos em sala de aula e diagnosticar, com bastante precisão, se estão interessados pela atividade que está sendo proposta ou pelo assunto que o professor está proferindo no momento. Esta pesquisa pode ensinar ao professor uma metodologia de verificar, enquanto fala, as expressões dos alunos e seus comportamentos. Caso estejam desinteressados, o professor pode interferir, com ações corretivas em seu discurso, restabelecendo o interesse dos alunos pelo assunto. A criação de sistemas informatizados para fazer tais leituras na sala de aula pode ser de extrema serventia para recomendar ao professor uma tomada de atitude na mudança de suas estratégias, buscando recuperar o estado afetivo de interesse e atenção dos alunos distraídos.

O binômio docente analógico – aluno digital

AS NOVAS TECNOLOGIAS AO MESMO TEMPO EM QUE APROXIMAM PESSOAS ESTIMULANDO INTERAÇÕES E COLABORAÇÕES, TAMBÉM AFASTAM OS ALUNOS DOS PROFESSORES QUE NÃO DOMINAM TAIS TECNOLOGIAS. COMO DIMINUIR O HIATO QUE EXISTE ENTRE PROFESSORES ANALÓGICOS E ALUNOS DIGITAIS?

Este é um dos conflitos mais usuais hoje em dia nas salas de aula do mundo todo. Professores analógicos ainda é um número bastante expressivo na sociedade educacional. Os professores mais recentes já saem das universidades dominando essas tecnologias, mas professores de mais idade enfrentam problemas. E uma das maneiras de se enfrentar isso é buscando ajuda em sala de aula com os próprios alunos que dominam as tecnologias e possuem habilidades capazes de permitir a sua introdução ao plano de aula, ao currículo, e as práticas pedagógicas dos professores. É importante desenvolver programas dentro da escola que permitam esse desenvolvimento. Esta ação possui um duplo benefício: ajuda os professores a se integrarem as novas tendências metodológicas de ensino e ao mesmo tempo colocam os alunos no centro da construção de seus próprios conhecimentos, permitindo que toda essa tecnologia tenha uma razão maior em suas vidas. Não se trata de opção, hoje é uma obrigação a inclusão dessa metodologia na escola sob pena de você perder qualidade tanto no ensino quanto na aprendizagem. Estudos realizados em escolas que utilizam essas tecnologias em sala de aula demonstram melhorias significativas nas avaliações do ensino fundamental e médio.

A educação através dos equipamentos móveis – desafios da mobilidade

COMO ESSA PARAFERNÁLIA DE EQUIPAMENTOS MÓVEIS PODE FAZER REALMENTE DIFERENÇA NA EDUCAÇÃO QUE SE QUER PARA O SÉCULO XXI?

O uso de equipamentos e dispositivos móveis já são utilizados pelos alunos, que dominam essas tecnologias. Não se trata, portanto, de trazer uma inovação tecnológica para dentro da sala de aula. Ela já está lá. O que o professor precisa é encontrar formas de incluí-la nos conteúdos e nos processos de avaliação das aprendizagens. Quando o professor utiliza o celular para que os alunos possam ouvir áudios ou vídeos, os resolver problemas, através de múltiplas escolhas, está dando uma razão a mais para a utilização desses equipamentos. Quando os assuntos em sala de aula são abordados, o professor pode indicar bibliografia sobre os assuntos através de textos, artigos e livros, através dos equipamentos móveis como tablets. As diferentes funcionalidades que se podem atribuir a estes aparelhos darão a sala de aula outra dimensões, ou outras dimensões a serem alcançadas, potencializando significativamente o ensino e a aprendizagem. É uma via de mão dupla, enquanto melhora as didáticas e práticas pedagógicas, também contribui para que os alunos tenham motivações adicionais extraclasses para continuarem estudando e aprendendo. Esse é o verdadeiro ganho tecnológico que se pode ter nessa nova educação que se quer implantar.

Pesquisas científicas em ambientes escolares

COMO A PESQUISA CIENTÍFICA EM SALA DE AULA PODE CONTRIBUIR PARA MELHORAR A EDUCAÇÃO NO SÉCULO XXI?

Não se trata de construir laboratórios de matemática, física, química, biologia e tantos outros. Isso as escolas já fizeram ao longo desses últimos 30 anos. Trata-se de construir uma mentalidade educacional voltada para a pesquisa científica, para a experimentação dos fenômenos estudados em sala de aula. Esta abordagem permite uma considerável evolução nas práticas pedagógicas e didáticas, aliando de fato teoria e prática. O grande diferencial dessa proposta é ensinar o professor de que ele é um pesquisador enquanto docente, que ele precisa transformar sua sala de aula num experimento permanente. Enquanto ensina e aprende com os alunos, também produz observações e análises dessas interações. Neste momento o professor deve produzir trabalho científico em forma de discussões, reuniões, seminários, e produção científica de artigos e sua publicação em revistas especializadas, feiras e ou congressos.

Pedagogia da Integração – Pedagogia Holística

COMO A PEDAGOGIA DA INTEGRAÇÃO E HOLÍSTICA PODEM CONTRIBUIR PARA QUE OS ALUNOS TENHAM UMA MELHOR COMPREENSÃO DAS DISCIPLINAS E DOS DIFERENTES SABERES?

A Pedagogia de Integração é a integração dos saberes em ambiente de sala de aula, saindo do discurso e vivenciado na prática a Interdisciplinaridade. Esta pedagogia apoia-se na construção de um modelo educacional que envolva as disciplinas em experiências curriculares. Ao invés do professor de biologia, sozinho, expor assuntos transdisciplinares, isto é, ao falar de mitocôndrias ou complexo de Golgi, buscar na história seus autores, cientistas, como viveram, como descobriram tais elementos, buscar na geografia, onde viveram, como era a sociedade naquela época, buscar na filosofia, o tipo de pensamento e as correntes e concepções epistemológicas que o mundo trabalhava naquele momento, e assim, por diante. É costurar os saberes, alinhando-os e dando maior sentido ao aluno. A Pedagogia da Integração permite que se trabalhem as competências e as habilidades de tal modo que o próprio professor compreenda melhor seus conteúdos e ementas. Já a Pedagogia Holística trabalha na ótica da análise da Interdisciplinaridade olhando o contorno das ciências e buscando ensinar os professores e “navegar” nas áreas de saberes que não se sentem confortáveis. Nos contornos das disciplinas é necessária a participação dos professores das disciplinas para debaterem os conteúdos em suas visões epistemológicas ajudando a compreensão dos conteúdos de forma mais globalizante, integral. Isto significa dizer que quando um professor ensina uma fórmula matemática é necessário expor essa compreensão a um modelo prático: onde esta fórmula pode ser empregada na vida cotidiana. Assim, o aluno percebe que tudo o que ele aprende tem um propósito, um fim, não em si mesmo, mas na contribuição do entendimento de outras disciplinas. Para isso, é precioso um trabalho conjunto, orquestrado e colaborativo entre as disciplinas, professores e conteúdos. Mas sempre colocando o aluno no centro dessas discussões e espaços interdisciplinares. O que se busca com essas pedagogias de integração e movimento holístico é a busca de uma metodologia pedagógica que construa uma aprendizagem que dure muito mais tempo do que aquele destinado ao período escolar. Esta metodologia faz com que os alunos, quando confrontados com problemas que tem que resolve, não buscam uma ou outra disciplina para encontrar as respostas, mas a junção de várias disciplinas e saberes na ajuda da compreensão do problema e da descoberta da resposta.