De que são feitos os heróis?

Há muito nos perguntamos: por que competir se não for pela vitória, embora sejamos sempre lembrados que o importante é participar?

A COPA como exemplo de tantas outras situações que confrontamos em nosso dia a dia suado e competitivo, traz à tona uma expectativa que nunca vivenciamos fora desta modalidade. E temos visto todas as copas, todas as participações do Brasil e quanto mais observamos, mais percebemos que nunca foi importante competir, mas ganhar. É a nossa cultura, é o nosso jeito. É assim que somos por mais que escrevamos que o importante é competir. Nunca foi e nunca será!

Sempre precisamos de um Herói e construímos um, PELÉ. E fomos a todas as edições dizendo a todos os povos que tínhamos um herói no esporte, que vibramos quando seu nome era pronunciado noutras línguas. Cunhado pelas inúmeras acrobacias, pelas façanhas em cada jogo, pelos espetaculares gols que não ocorreram, mas que a História caprichosamente gostaria que tivessem acontecido.

E COPA após COPA, elegemos um herói, para lembrarmo-nos dos feitos de cada competição. Que herói você elegeria para esta que estamos vivenciando? O técnico DUNGA? O goleiro Julio Cesar? O atacante Robinho? Quem? Quem nos rouba o sonho, nos tira a ilusão, adormece nosso grito, e adia para 2014 o grito de CAMPEÃOOOOOOO. Porque só isso interessa? Competir é ganhar?! Porque não nos lembramos das COPAS que não ganhamos? Você lembra? Só se puxar muito pela lembrança, caso contrário, as COPAS que interessam são aquelas que fomos até o fim, que nos preparamos para a grande final, reunimos os amigos, a família, em almoços gigantescos com colegas de trabalho, vizinhos, o prédio todo no playground. É disso que eu falo das lembranças que queremos lembrar e dos gritos de GOOOOOOOOOOOLLLL.

Se elegemos um herói em todas as COPAS, pense nesta como um exercício para 2014. Onde os erros deverão ser corrigidos. E devemos mudar esta monarquia do esporte de eleger um único homem para ter o comando solitário da preparação e escolha daqueles que farão a alegria do maior e mais popular esporte brasileiro.

Se os heróis são feitos de carne e osso, então DUNGA, você foi o herói desta COPA, e nós teremos memória para lembrarmos-nos de todos os detalhes desta COPA e das competições que você ganhou, da era DUNGA assim como temos até hoje a memória da era FELIPÃO, da era ZAGALO. Parabéns DUNGA, podemos não aceitar que entramos nessa pela competição, mas pelo caneco. Podemos aceitar que você fez as escolhas sem levar em consideração a opinião pública. Podemos aceitar até suas idiossincrasias e esquisitices com a imprensa formando uma blindagem que até certo ponto é compreensível.

Se forjarmos nossos heróis no calor do GOOOOOLLLLL, forjamos a vitória. Elegemos nossos melhores jogadores, como se a vitória só fosse responsabilidade de alguns e não do grupo... Lembram do BAGGIO?... Do ZICO? ... Heróis que num segundo viraram pó, se desfazem no Tempo.

Sabemos agora do que somos capazes: de acreditar até o último minuto de jogo, seja lá quem estiver neste jogo da vida, devemos acreditar sempre, porque os verdadeiros heróis só vivem em nossas lembranças e são feitos de carne e osso, como nós! Simplesmente como nós, porque afinal, nós somos os heróis e elegemos aqueles que irão gritar nosso nomes por toda a História!